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domingo, 8 de abril de 2012

LMS - Linfedema do Membro Superior x Drenagem Linfática



Ainda sobre o tema EDEMA, tenho ouvido falar muito freqüentemente de pessoas que „estão ganhando um dinheirão com massagem linfática“, porque entenderam o benefício que esta terapia proporciona às pessoas que sofrem desse problema. A questão é que eu não estou completamente convencida de que essas pessoas tiveram tempo para adquirirem o conhecimento científico adequado e se lançarem nessa técnica. 
No nosso curso de podologia acadêmica, abordamos aspectos bem generalizados sobre DOENÇAS ASSOCIADAS A EDEMAS, e a EDEMAS ASSOCIADOS A DOENÇAS. 

Acreditem, nesse caso, a ordem dos fatores ALTERA O PRODUTO! Uma cliente que tenha sofrido uma cirurgia de mastectomia, onde lhe foram retirados os linfonodos das axilas, corre um sério risco, muito diferente de outras clientes que tenham as causas do seu edema não associadas ao câncer de mama.

Ainda que de forma resumida, vamos conferir nessa matéria interessantíssima: 

O linfedema do membro superior é a complicação mais frequente da mastectomia.
O aumento da sobrevida do doente oncológico é atualmente uma realidade, decorrente da melhoria 
verificada ao nível dos cuidados médicos e/ou cirúrgicos. Neste contexto tornou-se crescente a preocupação com a qualidade de vida, tendo em consideração as eventuais complicações da evolução do quadro nosológico, dos meios terapêuticos empregues e das suas seqüelas.








Em relação aos doentes mastectomizados,  aplicam-se estas mesmas considerações. Assistiu-se a uma melhor utilização dos diferentes meios terapêuticos conservadores e também a cirurgia se tem tornado cada vez mais selectiva e dirigida, poupando assim estruturas que, por precaução, eram amplamente excisadas há alguns anos atrás. 
Apesar de todos estes avanços, continua a verificar-se o aparecimento de linfedemas do membro superior, de volume variável, responsáveis por importantes limitações funcionais e psicológicas e para os quais existem poucas alternativas terapêuticas. A reabilitação apresenta-se classicamente como uma hipótese terapêutica, embora, até à data, poucas publicações nacionais tenham sido dedicadas ao tema.

DEFINIÇÃO
O aparecimento do linfedema do membro superior (LMS) após tratamento de neoplasia da mama, descrito por Halstead em 1921, continua a ser uma complicação relativamente freqüente e muitas vezes invalidante. O linfedema pode ser definido como uma acumulação de líquido no espaço intersticial, rico em proteínas, que surge devido a uma inadequada drenagem linfática e que se caracteriza pelo aparecimento de edema, inflamação crónica e fibrose.

EPIDEMIOLOGIA
A frequência de linfedema do membro superior varia segundo os autores entre 6% e 83%, dependendo especialmente do tipo de cirurgia praticada e do tipo de irradiação utilizada, mas também das metodologias empregues. Estudos realizados durante a década de sessenta do século passado encontraram uma frequência de LMS que variava entre 41% e 70%.
A maioria dos linfedemas do membro superior desenvolve-se entre o primeiro e o segundo anos após a terapêutica radiocirúrgica, havendo no entanto observações clínicas de aparecimento tardio (mais de 10 anos após a terapêutica inicial).

FACTORES DE RISCO
Entre os fatores de risco tradicionalmente aceites como favorecedores de desenvolvimento de LMS encontram-
se:
  • A idade do doente
  • O tipo de cirurgia
  • O estágio tumoral
  • O envolvimento e esvaziamento ganglionares
  • A radioterapia
  • As complicações cicatriciais
  • O índice de massa corporal (IMC), entre outros. 
Alguns estudos demonstram um aumento na frequência de LMS com a idade, podendo a mesma atingir os 25% acima dos 60 anos12. Outros não encontram a mesma relação.

A actividade física do membro superior do lado operado durante o primeiro ano após a cirurgia parece aumentar
a freqüência de LMS. Por outro lado, a lateralidade dominante não é relevante no que diz respeito à freqüência e volume de LMS, parecendo mesmo favorecer a filtração capilar. Relativamente ao peso dos doentes, alguns estudos apontam para um maior desenvolvimento de LMS em doentes com excesso de peso. No entanto Ferrandez et al refere que doentes com IMC inferior a 27 e doentes obesos não apresentam diferença estatisticamente significativa na frequência de LMS, embora no segundo grupo o LMS tenha sido mais volumoso. 
TRATAMENTO
Apesar de todos os progressos verificados neste domínio, o tratamento do LMS continua muito difícil e não se encontra estandardizado. A evolução que se tem vindo a verificar assenta essencialmente no melhor conhecimento do sistema linfático e da fisiopatologia deste edema.

Medidas Gerais

O tratamento inicial desta entidade clínica passa, numa primeira fase, pela prevenção do desenvolvimento de complicações pós-operatórias imediatas, especialmente infecciosas e ao nível da cicatrização, assim como pela educação das doentes em termos de regras higienodietéticas futuras. Várias medidas são referidas tais como:
  1. Utilizar luvas protectoras durante a realização de qualquer trabalho manual
  2. Evitar as punções venosas, a medição da pressão arterial e a aplicação de terapêuticas parentéricas no membro afectado
  3. Identificar e tratar precocemente quaisquer sinais de infecção
  4. Evitar o calor e a exposição excessiva ao sol
  5. Evitar o uso de roupa apertada que provoque constrição da extremidade afectada e ainda Utilizar de forma moderada o membro afectado, evitando a carga de objectos pesados e os movimentos repetitivos. 


É também aconselhável uma modificação dos hábitos dietéticos dirigida para o controlo de peso. No entanto não existe evidência científica no que diz respeito à eficácia destas medidas.

Drenagem Linfática

Relativamente ao tratamento do LMS propriamente dito, infelizmente as terapêuticas médicas (diuréticos, benzopironas, flavonóides, antibióticos, corticosteróides) e cirúrgica utilizadas até ao momento têm-se revelado pouco eficazes, pelo que a reabilitação precoce apresenta- se como o tratamento de escolha. São várias as técnicas de reeducação que se podem utilizar tais como a elevação do membro superior, a mobilização articular, a PRESSOTERAPIA com recurso a mangas compressivas e compressão pneumática, a drenagem linfática manual, a terapia física complexa, entre outros.

A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem que envolve apenas a superfície cutânea e que segue as vias linfáticas do organismo. Esta técnica vai permitir o escoamento dos líquidos excedentários que banham as células, mantendo assim o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais e, por outro lado, possibilita também a eliminação dos produtos de degradação provenientes do metabolismo celular.





Dois processos nitidamente distintos vão favorecer a evacuação destes líquidos intersticiais:

  1. O primeiro consiste na captação realizada pela rede de capilares linfáticos em consequência do aumento da pressão tissular, enquanto que o segundo consiste na evacuação, distante da região infiltrada, dos elementos transportados pelos capilares. Este transporte de linfa efectua-se através dos pré-colectores para os colectores linfáticos. A execução da massagem assenta essencialmente em duas manobras diferentes: manobra de captação ou reabsorção (realizada ao nível da infiltração) e manobra de evacuação ou de chamada (transferência dos líquidos captados longe da zona de captação). Com a utilização da massagem verifica-se, a longo prazo, a diminuição da frequência de LMS.
  2. A terapia física complexa (também conhecida como terapia descongestiva complexa) é um tratamento que inclui uma higiene cutânea rigorosa, drenagem linfática manual, exercícios e pressoterapia, associados a um programa de reabilitação psicossocial, possuindo uma grande eficácia no tratamento do LMS inclusivamente nos
LMS que não responderam à terapia convencional com compressão elástica. Outras técnicas, como a estimulação eléctrica, estimulação eléctrica nervosa transcutânea (TENS), crioterapia, laser e ondas curtas, têm sido testadas mas os benefícios obtidos são controversos, pelo que a sua utilização não está preconizada na actualidade.

Mesmo no caso de LMS de pequeno volume é necessário instituir uma terapia intensiva precoce de maneira a evitar as importantes complicações mecânicas posteriores. Globalmente é possível obter resultados satisfatórios
 tanto na diminuição do volume do edema, como na melhoria da dor e incapacidade funcional.

COMPLICAÇÕES
O linfedema do membro superior crónico, nomeadamente quando de grande dimensão, acarreta consequências funcionais que comprometem a plena realização das actividades básicas de vida diária. Além disso existe um risco acrescido de complicações infecciosas como linfangite e erisipela ou ainda quadros mais graves como a transformação maligna em linfangiossarcoma (Síndrome de Stewart-Treves).


Texto original e bibliografía: 
avermhttp://www.fotosantesedepois.com

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